Na reunião da OMC, concluída neste fim de semana em Hong Kong, ficou decidido que os europeus suspenderiam em 2013 os subsídios à exportação de produtos agrícolas. Na prática foi uma decisão inócua, já que isso já ocorreria de qualquer jeito naquele ano. Os países em desenvolvimento queriam que isso ocorresse em 2010. A vontade européia prevaleceu.
O que me preocupa nessa situação não é nem a diferença de 3 anos entre o que queria o Brasil e o que ficou acertado na reunião. O pior de tudo é o massacre que esses subsídios impõem aos países em desenvolvimento. Explicando: na ordem mundial atual, existem dois grandes blocos de países, os centrais ou desenvolvidos (basicamente Estados Unidos, Japão e países europeus e, em menor escala, também Austrália e Canadá) e países periféricos ou em desenvolvimento. Em tese, os países em desenvolvimento exportam matérias-primas - entre as quais se incluem os gêneros agrícolas, assim como minérios - para os desenvolvidos, e destes importam produtos industrializados. Claro que os países periféricos ficam em desvantagem nessas negociações, pois a industrialização agrega valor aos produtos.
Agora, essa desvantagem é ainda maior quando os países em desenvolvimento não conseguem sequer cumprir o seu mister, o que ocorre graças aos subsídios europeus e estadunidenses. E a produção agrícola é muito grande no Brasil, e responsável por grande parte das nossas exportações. Se um país, como é o caso do Brasil, não consegue exportar nada, terá uma forte descapitalização e aumentará sua dependência econômica em relação aos países desenvolvidos.
Nisso reside a necessidade de os países periféricos se imporem nas negociações. E, no caso do Brasil, há uma receita simples, mas ignorada pelo nosso governo, para agregar valor aos produtos nacionais: investir em ciência e tecnologia. Coisa que o governo brasileiro não faz.
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